Com Painel, Alexandra Vieira de Almeida conduz o leitor para um lugar poético que é construído por seus versos imagísticos no momento mesmo em que convite e imaginação se articulam. Como sugerem os versos do poema que dá nome à coletânea, “Painel”, o leitor vai atravessar paisagens, naturezas, em que a linguagem se torna a poderosa terra pronta a dar os frutos mais livres e raros: “Os pêssegos se viram em águas profanas / Harmônicos hálitos estouram o cão / A saída das esponjas no mar em fervente colisão”. Como se fosse possível palmilhar as palavras, os painéis poéticos de Alexandra constroem difíceis e ricos pavimentos para o leitor, ávidos por novas ruas, onde “Os porcos fazem a caminhada das formigas latinas” (“Cidade escondida”).