Bia Doria contempla a arte contemporânea recriada a partir da vegetação exuberante que se forma em meio às seculares florestas brasileiras. O contato com a natureza torna-se fonte de inspiração para a criação das mais belas obras que resgata, com primor, a variedade de formas presente na flora e na fauna brasileiras. Por meio de expedições à florestas, a artista procura por matéria prima como raízes, galhos, troncos de árvores e cipós - extraídos de madeiras mortas pela própria natureza ou pela destruição humana - para a realização de seu trabalho. O contato com a natureza sempre foi permanente, desde a época em que vivia em Pinhalzinho, em Santa Catarina. Filha de imigrantes italianos, Bia Doria sempre manifestou seu amor e interesse pela arte. Ainda jovem, ela estudou design no Instituto Marangoni, em Milão. Com altas doses de criatividade, suas primeiras obras foram esculpidas com resíduos de madeiras encontrados no fundo de rios. Da madeira praticamente petrificada surgiam mil ideias ao pensar que a natureza era tão perfeita em sua complexa elaboração, que dificilmente intervinha no objeto. A artista tinha todo o cuidado em dar a ele uma forma final, mas mantinha a originalidade esculpida em anos de exposição à força das águas. Bia Doria construiu o imaginário da série Bailarinas observando a plasticidade das madeiras em estado germinal. Da natureza selvagem, a escultora soube aproveitar o que a selva e as árvores têm de mais belo: os movimentos. Já a série Mulheres da Floresta tem inspiração no fundo do rio, onde vive Yara, mulher sedutora que com seus encantos seduz os ribeirinhos da Amazônia. A artista foi buscar na sinuosidade das caboclas e na mitologia amazônica, a inspiração para sua série. Outra vertente do trabalho de Bia Doria é a Arte Reciclável, em que lixo reciclado é transformado em arte. Uma homenagem à Mãe Natureza, ela inspira-se nas águas, nas montanhas, nos animais, no visível e no invisível do planeta que nos acolhe para então criar peças que exaltam a beleza da natureza. Labirintos levam ao autoconhecimento, como as monumentais esculturas da artista plástica esculpidas com leveza, inquietude, cor e irreverência, em um tempo em que as florestas sofrem com a ação humana. A série Olympia-Brasil nasceu do desejo da artista de homenagear as Olimpíadas de 2016, em que todas as modalidades estão representadas por meio da observação da anatomia do corpo humano. As flores também tem fundamental importância nas obras de Bia Doria, que busca no alto das copas a matéria prima de sua arte, como os fungos sólidos que, após limpos e tratados, os resíduos colhidos da floresta são transformados em verdadeiras obras de arte. A série Rios que correm pelas paredes retrata belíssimas esculturas de parede, com formas verticais, horizontais e curvas, combinada à leveza das cores vermelha, branca, preta, mostarda, grafite e lilás. A Décor Editora tem o prazer de apresentar este livro, uma verdadeira obra de arte contemporânea inspirada na magnitude entre a perfeita simbiose da criatividade favorável ao esplendor da natureza.