'Corpo Presente' é o mergulho de um homem em suas obsessões. Seu narrador atravessa ruas, noites e mulheres em busca de um amor perdido ou impossível, uma Carmen que não é de ópera ou ficção, mas da Copacabana suja e sedutora, cenário claustrofóbico deste primeiro romance de João Paulo Cuenca. Tragado pelas noites, ofuscado pelo sol, o protagonista vive um presente contínuo e tenso em busca de sentimentos para sempre perdidos num mundo cínico demais, violento demais, sexualizado demais. Idealista a seu modo, busca a pureza lambuzando-se com as precariedades que a vida lhe oferece. Tal como os números primos que encimam os fragmentos do texto, os personagens de Corpo Presente são divisíveis por eles mesmos e por um. O que João Paulo Cuenca propõe é um jogo de identidades sem vencedores ou perdedores, mas com uma regra rígida, a da escrita como forma de enfrentar a vida.