Por que cidades médias? Por que espaços em transição? Assim, inicia-se o prefácio deste livro, apresentando, ao leitor, as questões que orientam o debate que estamos realizando com o intuito de dar consistência teórica a uma expressão - cidades médias - que vem sendo utilizada em meios acadêmicos, em políticas de planejamento e pela mídia, sem que tenhamos sido capazes, ainda, de avaliar completamente o que, de fato, altera-se e o que, de fato, permanece. Este livro retrata, assim, um percurso que está sendo realizado, num momento que o favorece e, ao mesmo tempo, que o torna árduo: um período de grandes mudanças. Isso possibilita a observação, sincrônica, de cidades médias que estão em posições diferentes no que toca ao ritmo com que as transformações nelas se realizam. Por outro lado, ao mesmo tempo, essas cidades mudam intensa e rapidamente de papéis e de posição em diferentes sistemas urbanos. O livro debate essas questões, sem poder respondê-las, pela amplitude delas e pelo esforço de reflexão, baseada em pesquisa, que ainda é preciso empreender para compreender o conjunto de mudanças por que passam essas cidades, como outras, num período de intensificação das relações no plano mundial. Assim, a própria expressão "cidades médias" é objeto de dúvidas, e esse é um traço positivo desta coletânea, na medida em que a problematização do uso dela como nível de uma classificação hierárquica, como noção ou como conceito, é seu fio condutor. Nesta obra, o leitor encontra um esforço de apreensão do que é universal, do que é particular e do que é singular, quando se analisam as formas de produção e apropriação do espaço urbano, bem como a participação de diferentes cidades em divisões territoriais do trabalho que se estabelecem em múltiplas escalas. Tendo em vista a amplitude da temática, o livro está organizado em duas partes: "Recortes teóricos, conceituais e metodológicos" e "Recortes temáticos, analíticos e territoriais", e foi organizado a partir da contribuição de diferentes autores, de modo a se oferecer elementos para: apreender, ao menos em parte, a diversidade regional que caracteriza o território brasileiro; valorizar a necessária interlocução entre autores, cujas idéias não se fundamentam, necessariamente, na mesma matriz teórico-metodológica; recobrir o maior espectro temático possível. A contribuição de autores da Argentina e do Chile enriquece a análise e oferece elementos para se avaliar as identidades e as diferenças que há entre a realidade brasileira e a desses países do Cone Sul.