O ensino da Matemática na educação básica tem sido muitas vezes norteado pela crença de que ensiná-la é ter prioritariamente como meta fazer com que os estudantes reproduzam à exaustão os procedimentos e regras que lhes são ensinados. A Estatística, por ser um conteúdo do currículo da Matemática escolar, não escapa a esse modo de ver e conceber o ensino. Assim, nesse cenário, seu processo de ensino e aprendizagem costuma desenvolver-se com ênfase excessiva nos aspectos computacionais e na memorização de algoritmos e fórmulas, limitados ao tratamento de "dados" sem significação, sem que haja um contexto subjacente. O pragmatismo presente desde a gênese de muitas das técnicas desenvolvidas nesse campo, suas possibilidades de aplicação em áreas e contextos mais diversos, seu tipo especial de raciocínio, diferente do matemático, seus usos para subsidiar tomadas de decisão no campo das políticas econômicas e sociais, todavia, são importantes razões que podem conferir ao ensino da Estatística um grande potencial no desenvolvimento do pensamento crítico e reflexivo dos estudantes. Este livro traz à tona algumas dessas discussões e descreve uma proposta didática alternativa para a abordagem dos conteúdos estatísticos no Ensino Médio. Construída sobre as bases de pesquisas em Educação Matemática e Educação Estatística e testada e avaliada no contexto de uma escola pública, tal proposta busca abarcar relevantes características do conhecimento estatístico, de modo que situações reais motivem e justifiquem o ensino e aprendizagem desse conteúdo no ensino médio.