Sou capaz de compreender a cólera dos trabalhadores (...), a sua recusa da "mundialização", a sua confusão perante a justiça. Já não sou capaz de suportar as abordagens intelectuais, as hipocrisias, as ambiguidades do numeroso grupo onde se misturam políticos, industriais, universitários, escritores, prontos a partirem em guerra contra a evidência (...). [...] Em matéria económica, o preceito galileano equivale a um postulado igualmente simples: a mundialização existe. Pode mesmo ser vantajosa, na medida em que, tal como um judoca tira partido de um ponto de fraqueza, nós soubermos transformá-la em força, utilizar as liberdades que ela nos oferece, assumir as mutações que provoca. Bizarria suprema, aos olhos dos vendedores de fantasmas, esta mundialização amaldiçoada não nos impõe qualquer modelo; deixa-nos a liberdade de estabelecermos os próprios termos do nosso contrato social, o tipo de sociedade que escolhermos, o grau de solidariedade que desejamos, apenas com a única condição de não nos obstinarmos em nos enganarmos a nós próprios e em fazer batota. Insisto e assino: a mundialização é vantajosa". Alain Minc ALAIN MINC, engenheiro de minas e licenciado em Administração Nacional. Foi inspector de finanças, administrador e presidente de grandes empresas francesas, sendo actualmente o presidente do conselho de segurança do Le Monde. É cavaleiro da Legião de Honra de França.