Durante muito tempo, as cartas em versos portuguesas do século XVI foram analisadas como meros documentos ricos em informações históricas ou biográficas, sem que se procedesse a quase nenhuma reflexão sobre o seu estatuto poético. Este livro resgata os códigos da arte em que se fundam esses poemas, compostos numa época em que a poesia se concebe como estreitamente vinculada à retórica e à moral. Mais particularmente, o autor analisa as cartas em versos de Sá de Miranda, Antônio Ferreira e Diogo Bernardes, à luz de uma retórica da conversação e uma moral da intimidade, nas quais dominam os valores do ócio e da amizade. Aceitos como uma evidência pelos contemporâneos dos poetas, esses códigos nem sempre são compreendidos com facilidade pelos leitores do século XXI.