Uma das obras mais citadas de André Villas-Boas – ele mesmo uma das principais referências brasileiras do pensamento crítico sobre design –, Identidade e cultura tornou-se fonte obrigatória para as investigações sobre a localização do design gráfico na dinâmica da cultura, especialmente nos países periféricos. Alteridade, hibridação e dessemantização, culturas de classe e subjetivação, efemeridade, autonomia projetual, interdisciplinaridade, dependência póscolonial, relações de poder na academia, subculturas e cânones são alguns dos temas explorados por Identidade e cultura. Sua releitura da clássica noção de identidade nacional revitalizou a questão, trazendo-a de volta ao debate sob novos parâmetros. Da mesma forma, a vigorosa reflexão do autor sobre a possibilidade de uma teoria crítica originalmente autóctone e os fundamentos para a autonomização do campo do design passaram definitivamente a pautar nossa agenda de discussões. Não se trata, entretanto, de um mero passeio por pontos-chave da contemporaneidade. Mais do que isso, a obra tem um propósito claro: enfrentar as arestas que dificultam a alocação do design gráfico como atividade produtiva estratégica para o desenvolvimento nacional autosustentável e para o reposicionamento dos países periféricos na divisão internacional do trabalho – no que tange à produção acadêmica, inclusive. Os três novos textos acrescentados a esta edição – dois capítulos e um anexo – avançam nas questões ligadas à identidade periférica e consolidam Identidade e cultura, ao lado de Utopia e disciplina, como leitura essencial para o contato conseqüente com a influente abordagem de André Villas-Boas.