Porque é que o presente, para não referir o futuro, parece não dar esperanças de fugir do capitalismo? Ironicamente, argumentam K. Gibson / J. Graham, não foi o discurso da direita mas sim as tradições socialista e marxista que constituíram o capitalismo como algo grande, poderoso, activo, expansivo, penetrante, sistemático, auto-reprodutor, dinâmico, vitorioso e capaz de conferir identidade e sentido. O que significou, para os políticos de esquerda, o contínuo adiamento de projectos anticapitalistas de transformação social e de iniciativas não capitalistas de inovação económica, uma vez que ambos, presumivelmente, teriam poucas hipóteses de sucesso, face ao predomínio ou exclusividade da economia capitalista. Análise de enorme interesse que explora, simultaneamente, a possibilidade de modos de pensamento económico e acção mais vivenciados, fora e além da teoria e da prática da reprodução capitalista. Desenvolve o seu raciocínio crítico baseando-se em teorizações feministas e pós-estruturalistas da subjectividade e do corpo, e nos aspectos antiessencialistas do marxismo. Uma obra fundamental que procura (e encontra) formas ubíquas de representação capitalista, não só na economia política e no espaço urbano contemporâneo, mas, igualmente, nas práticas discursivas do feminismo, em estudos culturais e na política da esquerda. Desafiando a visão habitual do capitalismo como um fenómeno hegemónico necessário e natural, K. Gibson / J. Graham libertam um espaço de diferença económica, no qual uma política não capitalista pode enraizar-se e desenvolver-se. Por tudo isto, este é um livro fundamental que olha o capitalismo, a esquerda e a direita de um modo bem diverso do clássico.