Meu velho Walt, meu grande Camarada, evoé! Pertenço à tua orgia báquica de sensações-em-liberdade, Sou dos teus, desde a sensação dos meus pés até à náusea em meus sonhos, Sou dos teus, olha pra mim, de aí desde Deus vês-me ao contrário: De dentro para fora Meu corpo é o que adivinhas, vês a minha alma Essa vês tu propriamente e através dos olhos dela o meu corpo Olha pra mim: tu sabes que eu, Álvaro de Campos, engenheiro, Poeta sensacionista, Não sou teu discípulo, não sou teu amigo, não sou teu cantor, Tu sabes que eu sou Tu e estás contente com isso! Nunca posso ler os teus versos a fio Há ali sentir de mais Atravesso os teus versos como a uma multidão aos encontrões a mim, E cheira-me a suor, a óleos, a actividade humana e mecânica Nos teus versos, a certa altura não sei se leio ou se vivo, Não sei se o meu lugar real é no mundo ou nos teus versos, Não sei se estou aqui, de pé sobre a terra natural, Ou de cabeça p’ra baixo, [...]