A presente obra dá enfoque às crianças e adolescentes institucionalizados deforma precoce e prolongada, bem como as principais consequências deste instituto,tais como a falta de pertencimento dos acolhidos, a despreparação para o convívio nomeio social, a inserção e a reiteração na vida criminosa. Diante disso, buscou-seapresentar os desafios das políticas de atendimento infanto-juvenis, de acordo comuma perspectiva histórica e cultural, desde as primeiras décadas do século XVIII até aaplicação das medidas socioeducativas de internação – como meio de privativo deliberdade – previstas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e reiteradas peloSistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE).As determinações da criminalização após o processo de institucionalização têmcomo fonte a perda de pertencimento dos sujeitos acolhidos, fragilizando assim aspossibilidades destes em encontrarem sentido e perspectivas para o futuro. Ascondições e o modo de vida das crianças e adolescentes retratam a vulnerabilidade e ofator de risco social, a desfiliação (devido ao afastamento gerado entre a criança e afamília natural), a falta de base educacional e qualificação para o trabalho. Com isso,abrem-se as portas das drogas e do mundo criminoso, como forma ilusória de aliviar osofrimento, experimentar novas formas de interação, adquirir visibilidade e o tãosonhado pertencimento.Na esfera privada – qual seja as relações familiares e do contexto social próximo– os adolescentes vivenciam a ruptura de vínculos e carecem da intervenção do Estadoquanto à efetivação de políticas públicas que fomentem a resiliência. Os adolescentesreincidentes, além disso, passam despercebidos pelas estruturas do Estado ou sãoexcluídos por não corresponderem aos padrões de comportamento desejado (ouesperado), dado o problema dos estigmas ou rótulos sociais criados pela sociedade.Assim, apesar dos progressos conceituais acerca dos direitos e garantias infanto-juvenis, preponderam práticas punitivas e