Juventude em conflito com a lei reúne trabalhos de especialistas na matéria, que discutem os alcances e limitações das atividades educativas e culturais entre jovens em conflito com a lei, suas famílias e comunidades, a partir de experiências sócio-educativas em diversos CRIAMs (Centros de Recursos Integrados de Atendimento ao Adolescente em Conflito com a Lei) na periferia do Rio de Janeiro, no âmbito do projeto que dá origem aos textos aqui publicados. A obra traz conclusões que vão de encontro à política adotada pelo Estado e às idéias amplamente difundidas pela imprensa brasileira. Ao contrário do que muitos acreditam, os artigos mostram que as causas da violência juvenil no Rio de Janeiro não estão muito distantes do mesmo fenômeno em países desenvolvidos, e seus agentes não pertencem necessariamente às camadas mais pobres da população. Como explica a educadora Vanilda Paiva, "os jovens de periferias urbanas atravessadas por uma pesada exclusão na inclusão mais ampla deixam ver que a violência potencial não tem necessariamente relação com a fome ou o frio, ou seja, com carências primárias às quais ela foi por muito tempo associada. Está perto da pobreza, mas longe da miséria; deriva da necessidade de reconhecimento pessoal e social, dos apelos da sociedade de consumo, da consciência (e da eventual experiência) das menores possibilidades de entrar e manter-se no mercado de trabalho, da expectativa da gangorra social e da desproteção social crescente e ameaçadora, dos preconceitos a serem enfrentados e, last but not least, de energias físicas e psíquicas não utilizadas."