Inscrições sobre o Atlântico retoma o tema da identidade Cultural, tendo como objeto a literatura dos descendentes de imigrantes. Percebe-se na obra de Dalton Trevisan (Prêmio Camões), Lausimar Laus, Moacyr Scliar, Clarice Lispector, João Gilberto NOLL, Nélida Pinõn, dentre outros, os traços de uma busca de algo que nos torne unos, com traços reconhecíveis aqui e no exterior. Em alguns casos, como em Dalton Trevisan, o tema apenas perpassa a obra, mas em Lausimar Laus e Nélida Piñon o tema é tratado com clareza e vigor. De certa forma dão maior visibilidade à escritura de João Gilberto Noll e Moacyr Scliar que exploram o efeito da metáfora, que, ao mesclar as etnias provocam um efeito lírico de oscilação. Inscrições sobre o Atlântico Propõe uma mescla, um angu, em linguagem bem brasileira, com caroços, que representam as diferenças étnicas e geográficas. A tese permanece válida, mas nos últimos vinte anos algo se alterou. Outros autores, como Milton Ratoun, se uniram aos primeiros. Ratoun marca um caroço amazônico e lamentamos não tê-lo antes, pois nele percebemos mais semelhanças. Ali linguagem se destaca, como faz notar Nélida Piñon. Não queremos aqui afirmar que o idioma nos une, mas fazer notar que nele as diferenças se diluem. Elas apenas se acumulam, flutuando sempre sobre a metáfora do Atlântico. Somos unos, porque sabemos ser diferentes, deslizando sobre uma única e líquida superfície eivada de diferenças culturais.