Parece, portanto, que a actividade profissional do professor corre o risco de ficar coacta e degenerescer entre dois extremos: o excesso de interioridade, por um lado, e o excesso de exterioridade, por outro. Tanto num caso como noutro, perde-se a dimensão do que constitui a genuína vocação do acto pedagógico: cativar um momento e um lugar nos quais, através de um esforço simultaneamente racional e afectivo, se propicie uma reinstituição do mundo, por via quer da sua colocação problemática quer do incremento dos seus significados e possibilidades - uma e outros postos em transe na pluralidade das posições que singularizam cada um dos seus participantes." "Neste território do mundo, constituído como totalidade pela engrenagem cada vez mais cerrada das suas interdependências, destituído à parcialidade pela intérmina pulverização dos pontos de vista que sucessivamente empreendem o seu açambarcamento - o acto de ensinar deixou de ser simples: ele tornou--se, no limite de si mesmo, a tarefa quase absurda da demarcação de uma fronteira, sempre volúvel e muitas vezes inóspita, entre o ser, que só pode haver em tudo, e o nada que tudo pode ser." ANTÓNIO DUARTE HENRIQUES LOPES, licenciado em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa é professor do Ensino Secundário numa escola da cidade de Tomar e colaborador habitual de um dos jornais da mesma cidade