Este é um livro carioca. Com todo charme, deboche, calor e esquinas sujas. É um livro noturno, um livro da madrugada. É um livro de quem vive a repetição de lembrar e ter que esquecer. Um livro que faz graça com a desgraça, que entre o ódio e a derrota cria tempo para dar uma flertada, que sabe que o que resta é seguir. Andressa não deixa o infortúnio ter a última palavra, ou o desgosto estar desacompanhado de um risinho, mesmo que amargo. Seus versos olham com ironia para as emoções que carregam as mastigam, engolem e cospem, entendendo que, mesmo se forem ridículas, pelo menos são honestas. É um livro que, andando com pressa, encontra um boyzinho pelo caminho, um corpo do qual não se espera muito porque tudo acaba mal no capitalismo tardio e tudo se esquece, ou morre na praia, talvez porque não é possível amar nesta economia, apenas comprar cigarros e classificar seus amores a partir deles. É um livro que incorpora a bela cerimônia meio-festa-meio-fúnebre de tentar exorcizar (...)