Com lirismo, senso de humor e capacidade de observação, a autora constrói as suas narrativas. São quinze histórias curtas, nas quais as personagens femininas têm destaque especial. Da menina que perde a pedra do broche da mãe e cola no lugar as asas de uma joaninha à velha senhora que queima um antigo corte de crepe cor de malva e guarda as cinzas numa compoteira, o leitor quase pode apalpar o desejo dessas personagens, meninas, moças ou idosas. São diferentes, mas também semelhantes: há nelas uma necessidade vital de ir além das coisas visíveis, como se assim pudessem compreender o mundo. É nessa zona de luz e sombra que se situam os contos de Edna Rezende, bem tramados, delicados, muitas vezes engraçados, sempre capazes de prender o leitor até o final.