Desde a Semana de Arte Moderna a poesia parnasiana, embora ainda reine nas academias de letras provincianas, acabou se tornando o patinho feio da literatura brasileira, por seu caráter convencional, que acabou associado definitivamente ao discurso vazio. Sem o desejo de reabilitar o parnasianismo, mas certo de que, embora recusado, ele nos representa de alguma forma, Fernando Cerisara Gil produziu um estudo e uma antologia que ajudam a compreendê-lo melhor e mais amplamente, neste Do encantamento à apostasia . Para isso, ele leva em consideração toda a ampla produção parnaso simbolista da virada do século XIX para o XX, especialmente aquela que tratou diretamente da poesia, da arte e do poeta. Com isso, o leitor tem diante de si uma antologia ao mesmo tempo original e coerente que traz, além dos poemas e poetas que freqüentam habitualmente as antologias, aqueles que têm andado esquecidos, mas cuja voz tem ainda algo a dizer. Assim, ao lado de Cruz e Sousa, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Alphonsus de Guimarães e Augusto dos Anjos, figuram Pedro Kilkerry, Alceu Wamosy, Emiliano Perneta, Francisca Júlia, entre outros.