Este livro resulta do projeto "Paradigmas emergentes: novos desenhos conceituais na política de formação de educadores", desenvolvido por pesquisadoras do Centro de Ciências de Educação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com apoio financeiro do CNPq. O estudo congrega duas vertentes focadas em um eixo comum, as políticas de formação docente nos anos 1990. Procurou-se, por um lado, examinar os direcionamentos e principais conceitos dessas políticas por meio do exame de documentos oficiais, nacionais e internacionais relativos à área. Por outro, tendo em vista que as eventuais redefinições desses conceitos inspiraram-se em debates correntes nas Ciências Sociais e na Filosofia, buscou-se uma interlocução com esses campos de conhecimento. A lógica do discurso sobre a centralidade da educação deságua, de modo preciso, na afirmação da importância estratégica da formação docente nas sociedades contemporâneas. Não surpreende, portanto, que tal questão constitua uma das temáticas prioritárias não só para órgãos governamentais, mas para vários setores da sociedade convocados a suprir o recuo paulatino do Estado no atendimento às demandas sociais na década de 1990. A primeira parte do livro tem em vista oferecer elementos objetivos para a compreensão do projeto político que, em sua cruzada cultural para desfertilizar a escola, investiu na formação de um docente "desintelectualizado", pouco adepto ao exercício da crítica. Estas discussões articulam-se, organicamente, com as da segunda parte, que aborda um ponto crucial: o ceticismo epistemológico vigente e o empobrecimento do ato de conhecer que desqualificam a necessidade humana de inquirir acerca de questões relativas à natureza do objeto e do próprio conhecimento. O conhecimento é agora campo do "vocabulário da prática, e não da teoria", aspecto que vem exercendo impactos sensíveis na área educacional.