Como o próprio título deste romance sugere, Memórias Sentimentais de um Gauche na Vida é uma narrativa que capta as vivências (afetivas e existenciais) de um personagem à margem. Em tom pessoal, confessional, em que quase todos os capítulos são narrados em primeira pessoa, é uma espécie de romance fragmentário, que parece começar e terminar diversas vezes, sem uma ordem linear específica ou clara, construindo-se como em um mosaico, ou um caleidoscópio, de viagens, cidades, citações e relações. (...) Somos levados por caminhos que passam pela amizade, o desejo, o erotismo, a política, a literatura, entre outros. O autor se vale do recurso de interromper a narração, com um comentário sobrepondo-se a um pensamento ou fluxo de consciência, revelando aos poucos a personalidade do narrador: desconfiado, autocrítico, digressivo. Os pensamentos borbulham e se atravessam e se corrigem. (...