As intersecções entre história e literatura, e as possibilidades de compreensão do passado daí decorrentes, atravessam esse livro. Pelo olhar atento e sensível do historiador Evander Ruthieri, somos apresentados a aspectos da cultura literária e do ambiente intelectual da Inglaterra vitoriana, e a alguns de seus medos e expectativas. As principais fontes da pesquisa são três romances do irlandês Bram Stoker - conhecido entre nós como o autor de Drácula, também analisado ao longo do trabalho -, publicados em sua última década e meia de vida. A eles, somam-se outros textos publicados por Stoker (cartas, artigos e ensaios, principalmente) em sua profícua carreira como escritor. Com eles, e munido dos referenciais teóricos da história cultural, Ruthieri pretende traçar um amplo e erudito panorama das preocupações e embates intelectuais do período. O objetivo é compreender os laços intertextuais que ligavam a produção ficcional de Stoker ao que o autor denomina de cultura da degenerescência, característica de boa parte da produção literária do fin de siècle europeu. Na literatura vitoriana, tal cultura mobilizou intelectuais de diferentes campos e especialidades, e uma das qualidades do livro é mostrar que entre as narrativas ficcionais e romanescas, tais como as de Stoker, e a produção mais estritamente científica, não há posições fixas, mas relações.