O ano poderia ser 1565, 1965, 2015 ou 2055. Não se sabe: existe uma profusão de tempos nisso que a gente chama de contemporâneo. Ali, numa aldeia, um grupo celebra o aniversário do Rio de Janeiro: em tempos como o nosso, o que temos ainda para comemorar? Essa gente forma um quadro de delicada melancolia. Ao redor de um toca-discos, eles escutam o audiodocumentário Como nasceu o Rio, do repórter Amaral Netto, que teatraliza a versão oficial da história com os “heróis nacionais” Estácio de Sá, Mem de Sá, Pe. Nóbrega, Pe. José de Anchieta e tantos outros. Essa história que conhecemos muito bem é sempre indigesta. Os monumentos aos colonizadores encobrem a violência e o genocídio de milhares de Tupinambás, que viviam no entorno da Baía de Guanabara, uma cultura milenar e uma língua que ainda resiste em vestígios de nosso cotidiano - Ipanema, Niterói, carioca, Maracanã.