Nesta obra inédita, o leitor tem a oportunidade de se confrontar com reflexões sobre o papel do intérprete de tribunal em audiências bilíngues, cujo par linguístico é inglês-português, realizadas nos Fóruns de Boa Vista-Roraima e Fortaleza-Ceará. Neste contexto institucional, a função do intérprete perpassa inerentemente pelo domínio de línguas e culturas que se materializam dentro e fora de seu espaço pragmático. De modo particular, quando esse intérprete atua no sistema jurídico, os traços linguísticos e culturais, quer sejam brasileiros quer de outros países, são filtrados em detrimento da legislação jurídica de onde se instala o processo judicial. Essa realidade gera desafios e obstáculos para quem opera com depoimentos de estrangeiros, no caso, o tradutor/intérprete que se defronta com um ambiente jurídico o qual, muitas vezes, não permite nuanças linguísticas e culturais dos que estão envolvidos no processo de julgamentos. Lourival Novais traz em sua obra observações sobre práticas tradutórias, as quais são abalizadas por vetores teórico-metodológicos, em contexto físico, discursivo e social. Seu principal questionamento envolve o papel do intérprete como não sendo um mediador meramente passivo entre o juiz e o acusado contra quem se instaurou ação civil ou penal. Assim, o autor visualiza a reconstrução da imagem de um profissional ativo, que seleciona além de termos jurídicos, um discurso conectivo que torna possível o processo de produção de sentidos entre seus interlocutores. Profa Dra. Maria Odileiz Sousa Cruz Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Roraima