O poeta Lucas Rolim estreia com o instigante O Mirábolo, um livro que chama a atenção pelo cuidado de sua elaboração e pelas nervuras que o compõem. As epígrafes são belas e fundamentais para orientar o leitor pelos capítulos, articulados em 2 partes - 'Madrugada Incendiária' e 'Manhã de Pássaros'. A poesia de Lucas aproxima a matéria carnal do fluxo onírico - combinação tão importante feita por escritores valiosos do século XX. Lucas é um jovem poeta que não tem medo de se arriscar na escrita. Tanto é que se 'risca' com os acidentes e abismos das palavras-experiências. Ele se lança com o corpo/espírito na construção de um universo imagético e sensorial, e a sua juventude inunda a poesia de potência e velocidade - agilidade que utiliza para desenvolver seu 'ofício de espantos' na 'lavoura mística'.