Os Ciganos da Europa do Leste que no passado encantaram os etnólogos com os seus ritos, os seus costumes, intrigaram os observadores com a sua indisciplina, as suas crianças de pé descalço, são ainda actualmente uma onda colorida no infinito grisalho pós-comunista. Mal conhecidos, atribuem-lhes, hoje como ontem, virtudes e vícios extraordinários. Lisonjeamos a sua estranheza para melhor os ignorar, a sua selvajaria para melhor os explorar, a sua fragilidade para os enfraquecer ainda mais. Se os Roms foram a desordem impossível de gerir pelos regimes, imperialistas, republicanos ou estalinistas, souberam, apesar dos séculos de escravatura, deportação, extermínio, exclusão e racismo, inovar e fazer prova de um dinamismo económico excepcional. Que aprendemos nós com eles? Da sua moral, dos seus paradoxos, do seu modo exuberante de encarar a vida? Estas são as questões deste livro, que nos interroga acerca do destino dos Roms e propõe a primeira reflexão jurídica sobre o seu estatuto.