Ao examinar o Brasil que dá certo, o Brasil do futuro, mesmo aí, encontramos o fardo do passado. A recorrente capacidade de velhas elites de conduzir o país, alargando quando necessário o arco político, cobra sua fatura. E cobra caro. A passagem do primeiro Fernando para o segundo ressuscitou, agora em novos trajes, os velhos fantasmas. As negociações nebulosas no Congresso, as relações incestuosas entre o executivo e os grandes interesses econômicos, a exclusão da sociedade dos processos de decisão econômica, está tudo aí de volta. Este livro procura mostrar isto de um ponto de vista particular, mas privilegiado: nesta passagem, enterrou-se uma das poucas coisas efetivamente modernas que se forjou neste país nos anos 90, as câmaras setoriais. Expediente banal em vários países onde o futuro já chegou, os acordos tripartites entre capital, trabalho e Estado foram uma experiência sem paralelo no Brasil.