Fernando Pacheco é um artista altamente significativo no contexto da arte brasileira. Autodidata, com mais de trinta anos de carreira, sua pintura tem ligação forte com suas vivências pessoais e seu cotidiano. São elementos presentes na obra do artista a sua relação com seu arquivo de objetos encontrados, a íntima convivência com a cultura barroca e as manifestações religiosas, experiências que conformam o campo de investigação para o seu trabalho. O livro tem texto crítico de Jacob Klintowitz, onde o autor escreve sobre o artista: "O processo criativo de Fernando Pacheco é complexo, pois ele se alimenta de resíduos, objetos duplicados, identificações de essências e ações emocionais. É acumulativo, associativo e emocional. A rapidez que se adivinha no seu trabalho não é a pressa de execução, mas a sensação de que tudo foi concebido num único instante. A percepção do espectador de um movimento rápido não é senão a tradução, no observador, da unidade de concepção. Tenha ocupado o tempo que for na execução, e seguidamente este fazer deve ser exaustivo, a integridade do resultado nos leva a afirmar que a concepção se deu num só momento". Nas suas telas, nenhum elemento é gratuito. No pleno domínio da técnica, tanto o desenho quanto a pintura dialogam no mesmo espaço e desse convívio surge uma obra admirável que surpreende e encanta, para em seguida, nos inquietar, nos indagar. A cor ganha corpo, profundidade e amplidão nos seus quadros, pinturas de estórias sem começo ou fim. Saturação, profusão de cores, gestos e sensações, imbricados numa narrativa pessoal e íntima. São suas "gavetas", cheias de preciosas memórias e vivências. Diante delas o espectador mergulha em um universo infinito de sensações e possibilidades através da sua relação com a obra, estando livre para criar sua própria narrativa.