“Ei, São Paulo, onde estão as suas cores?”, questiona o filme Imagens Peri-féricas – e a pergunta ecoa nas páginas deste maravilhoso livro de Guilhermo Aderaldo. Sua minuciosa pesquisa nos apresenta os muitos tons, cores e vozes que fazem a cidade diversa. Com uma rara habilidade para ver, escutar e perceber, o autor percorre diferentes movimentos culturais urbanos em busca de uma periferia vivida, complexa e engajada. “Reinventando a cidade” tem a qualidade da melhor tradição etnográfica. É um trabalho denso, feito com pessoas, falas, diários de campo, poesias, canções, fotografias e filmes, numa narrativa em busca da significação dos conceitos e motivações que circulam e se enfrentam nas interações sociais. Periferias, vozes, territórios e imagens: são múltiplas as cores da arte e do concreto da metrópole. Guilhermo Aderaldo nos apresenta com rara lucidez o cenário dos coletivos culturais vídeo-ativistas paulistanos. Aprendemos com ele que as transformações sociais e políticas do Brasil passam pelas oportunidades de acesso às tecnologias comunicativas e pelo protagonismo criativo de populações historicamente marginalizadas. Para todos os interessados em compreender essas camadas menos visíveis da vida urbana contemporânea, minha recomendação: leiam este livro. Karina Kuschnir Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)