Em A Queda, Clamence, o único personagem, e ponto de convergência de todas as forças contraditórias, manifesta a sua incapacidade de atingir o equilíbrio na tensão. O jogo dialético se mantém, todavia, graças ao discurso, instrumento de afronta e de justificação, elemento essencial à índole e á cultura de Clamence. É graças a ele que sobrevive a esperança de um amanhã, e, em existindo este amanhã, que se realize uma espécie de paz entre Clamence e seu eu mais profundo, para que ele possa, noutro nível de encontro, se harmonizar com o mundo e com a história.