Recentemente, a humanidade atingiu a marca de setecentas e cinco milhões de pessoas com sessenta e cinco anos ou mais, segundo o Relatório World Population Prospects da onu, e, o etarismo - nomenclatura utilizada para indicar o preconceito com a idade - insiste em caminhar na contramão desta realidade. Ao velho - coisa gasta e muito usada -, costuma-se associar adjetivos que apontam para uma pretensa falha ou inutilidade: a falta de viço, de beleza, de alegria, de saúde, de amor. Partindo desta premissa, Elisa Ribeiro ousa nos trazer uma dramaturgia alicerçada em avessos. E, no espelho dos olhos que refletem o mar, e a vida, brinda o leitor com a história de um recomeço que, se por um lado poder-se-ia considerar tardio, dada a idade de seus personagens protagonistas, por outro, resulta tão intenso quanto pode ser a paixão de quem se agarra ao último fôlego, quando em um mergulho em apneia. O Mar em seus olhos, que não à toa foi finalista ao prêmio de Dramaturgia da (...)