"O dedicado e comprometido profissional da educação trabalha em condições inadequadas, é mal remunerado e desvalorizado socialmente e consequentemente tem sua qualidade de vida comprometida. O objetivo deste estudo é refletir sobre a qualidade de vida da mulher de carreira docente, como lida com aumento das exigências e responsabilidades; com a descrença na educação; com a própria desvalorização e, ainda como concilia as duplas e triplas jornadas. Compartilharam suas experiências para construção desta obra mulheres de carreira docente que ministram aulas no ensino fundamental e atuam na carreira há pelo menos vinte anos. No mundo do trabalho constata-se cada vez mais a acumulação do capital e a exploração do trabalhador. As novas técnicas de administração e os novos meios de produção se tornaram artimanhas para aumentar a extração da mais valia e, consequentemente, é cada vez mais desafiador para o trabalhador ter e manter a qualidade de vida - uma percepção particular, complexa e multidimensional, tem como base a satisfação das necessidades mais elementares da vida humana para que os sujeitos nela inseridos possam viver, amar, trabalhar, produzir bens, serviços, ciência ou arte. Constatou-se que a mulher de carreira docente demonstra paixão e orgulho da profissão e afirma desejar nela permanecer; é provedora do lar; sofre com o mal-estar docente, o burnout, os baixos salários, a culpabilização e autoculpabilização, a desvalorização da profissão; usa o tempo livre de que dispõe na realização de tarefas escolares; vê na profissão uma missão e declara que gostaria de ser Deus, possivelmente para acabar com a lacuna entre o desejo de fazer e a sua impossibilidade. Deste modo, urge sejam estabelecidos salários adequados para todos os professores/as, particularmente para aqueles/as que atuam nos níveis iniciais da educação; que as universidades se dediquem a fazer o atrelamento da teoria com a prática; que sejam instituídos modos para que o professor/a seja ouvido pelo Estado, direção da escola, famílias, comunidades, especialistas da educação passando a participar efetivamente da construção dos projetos pedagógicos e políticos; que os órgãos governamentais invistam na educação e nos professores/as; que se estabeleça parceria entre família, alunos/as e escola."