Uma reflexão profunda e atualíssima sobre a ética da arte: é legítimo representar o mal do mundo mediante um trabalho estético? Dito de outro modo: o horror, a violência e a miséria podem ser belos? Exibir sua possível beleza ajuda a combatê-los ou apenas os torna mais palatáveis? Motivado pelo impacto causado pela exposição Êxodos (2000), de Sebastião Salgado, e pela polêmica que as fotografias do brasileiro suscitaram entre jornalistas e intelectuais franceses, o professor Jean Galard mergulha na história da arte ocidental, até a Antiguidade Clássica e a Renascença, para mostrar que as tensões e confusões entre realidade e representação vêm de longe. Contando com uma erudita visão em perspectiva, aponta as novas exigências e riscos que surgiram no horizonte do artista e do espectador com o advento da fotografia sobretudo em sua vertente documental e se multiplicaram na sociedade da informação e das transmissões ao vivo, em cujo caótico espetáculo tudo pode ser tragado e igualado. Um ensaio corajoso, que interpela diretamente a consciência de artistas, jornalistas e apreciadores da arte.