Elaine Showalter, em Anarquia sexual, ao reiterar que "a história do romance não pode ser compreendida isolada da história da sexualidade", pensamento de Nacy Armstrong, afirma que "a história da sexualidade é elaborada [também] nas páginas da ficção". Mosaicos azuis desejos pode ser visto a partir dessa concepção, uma vez que essa narrativa "romanesca" urde um drama envolvendo o protagonista da obra, um professor de literatura e amante de homens, seus desejos de ser e de estar no mundo, conduzindo o leitor a uma reflexão sobre quais os limites do estar-se preso ao outro por amor. Atravessa essa questão a dependência afetivo-sexual, elaborada na ficção a partir de uma visada sobre as sexualidades dos iguais, imprimindo focos de tensão naquilo que o protagonista da obra levanta como pontos difíceis de resolver internamente: a solidão, os sentidos da vida, as relações familiares, a crença, a morte, o corpo, a homofobia, os sentidos do amar. A narrativa cativa o leitor a partir do que há de mais íntimo no ser - a sexualidade contemporânea que reinventa o sujeito, quando ela é tomada como matriz da construção de si, principalmente no universo oscilante das masculinidades.