Tratado de bom governo é uma primorosa invenção poética, toda composta em tercetos, em que os mortos, na alegoria, criticam o governo dos vivos, porque são mais vivos e lúcidos que os vivos, que estão mortos e não sabem o que fazer da República. Um único poema que entrelaça as mais diversas funções, entidades, estados: assalariados, nobres, ministros, juízes, pobres, poderes episcopais, crime organizado, analfabetos e eruditos, entre outros. Contido e poderoso painel da condição humana ergue-se na maturidade de um poeta cujo domínio da língua portuguesa permite mesclar o épico, o lírico, o dramático, o paródico e o satírico numa singular dicção, entretecida pelo fogo deste criador gaúcho e universal