A obra de Gloria Germani que ora se publica, mais do que uma biografia é um estudo sobre a mística vivida conscientemente por Madre Teresa de Calcutá, em continuidade com a tradição mística cristã e em diálogo com o hinduísmo. O fato de Teresa de Calcutá, albanesa de origem, religiosa na Inglaterra, transferida para a Índia como professora, ter aí florescido em santidade no serviço dos pobres, depois de haver rompido os laços com sua congregação ocidental e assumido a cultura hindu, não deixa de ter uma significação profunda para a Igreja, nesse início de milênio. Madre Teresa, por ocasião de sua morte, em 13 de setembro de 1997, teve direito aos funerais de Estado, honra que só havia sido atribuída anteriormente a Gandhi e ao pai político da Índia moderna, Jawaharlal Nehru. Era o reconhecimento de que nela já se via a síntese do que havia de melhor no cristianismo e no hinduísmo. Depois de descrever os tópicos desse paralelismo, a autora aprofunda a análise dos grandes traços da mística cristã-hindu, estudando os textos de Teresa em vista de caracterizar a nota derradeira de sua espiritualidade: "o abandono total" ou "anulação do eu", expressão derradeira do negar-se a si mesmo de que fala o Evangelho.