Diversidade, alteridade e interatividade são palavras-chave da agenda de um mundo que se diz globalizado. A primeira enseja debates calorosos que nos convidam a uma contínua revisão de parâmetros com relação ao Diferente. A segunda coloca-nos frente ao Outro e, associada à primeira, conduz a uma (auto)reflexão: no esforço por compreender, aceitar e respeitar o Outro, eu me (re)conheço. A terceira, tomada à superfície, implica o domínio de aplicativos: rostos mergulhados numa tela, pequena ou grande. Estar presente e, ao mesmo tempo, ausente. Num plano mais profundo, porém, a interatividade ou, se preferirmos, a interação é o elo entre essas palavras-chave. O Diverso, o Outro, o espaço a ser preenchido entre mim e o Outro: tópicos desejados para a agenda de um mundo contemporâneo, que já são compromissos, desde sempre, da essência do traduzir. É no domínio desse espaço intermediário e produtivo, proposto a todos pela tradução como desafio, que surge agora um novo livro a retraçar o contínuo entre o mundo de fora e o mundo de dentro da tradução: A tradução e as suas interfaces: múltiplas perspectivas, do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução, da Universidade Federal do Ceará. Neste livro estão fotografados estágios atuais das pesquisas de professores e estudantes no domínio da tradução. Mas se engana quem achar que essas fotos só registram um passado recente. São fotos interativas, no melhor sentido, já que, a cada leitura, estabelecem novas redes de relações e sugerem novas parcerias. Ao reler a multiplicidade de aspectos envolvidos na tradução, seja da perspectiva da interação entre sujeitos, seja da difusão de conhecimento, este livro aborda, no fundo, a comprovada marca dos Estudos da Tradução e, por extensão, a comprovada lacuna do mundo contemporâneo: fronteiras esmaecidas, ao invés de setores estanques. Diálogos, ao invés de isolamento. Hiato ainda a ser vencido.