Na primeira biografia acadêmica de Eva Braun, a historiadora alemã Heike B. Görtemaker disseca a vida da namorada de Hitler, da infância à morte no bunker, e o cotidiano bizarro da “corte” do Terceiro Reich.A historiografia sempre ressaltou a insignificância de Eva Braun, sua posição à margem das decisões que levaram aos piores crimes do século XX. Ela não passaria de um "adorno", uma fútil pequeno-burguesa deslumbrada pelo poder. A indiferença por Braun, defende Heike B. Görtemaker, é reflexo tanto do mito do Führer inculcado pela propaganda nazista, quanto da posterior imagem do Monstro, identificado com terror, destruição e genocídio, o que teria desestimulado a investigação do ditador alemão - e, por tabela, de sua parceira amorosa - como uma pessoa. Para lançar luz sobre essa relação peculiar, Görtemaker estuda a bizarra corte de Hitler, da qual Eva era a clara soberana, e nos conduz a esse mundo assustador em que a normalidade cotidiana convivia com um ideário genocida.