Entre novas democracias, cenário em que se encontra boa parte dos países da América Latina, ainda são escassos e pouco conclusivos os estudos dedicados às relações estabelecidas pelos eleitorados com os partidos políticos, de modo que aqueles se concentraram, até o momento, em investigar os determinantes da identificação partidária, em evidenciá-la como aspecto da institucionalização dos sistemas partidários e em discutir a existência do fenômeno do desalinhamento partidário entre as unidades nacionais. Contudo, pouco foi postulado sobre as consequências da evolução de tal indicador aos regimes democráticos. Este livro está inserido no conjunto de discussões acerca da evolução do partidarismo na América Latina e é permeado pela investigação em torno da hipótese de que a identificação partidária tem determinantes individuais e estruturais entre o eleitorado latino-americano, bem como de que os efeitos do apartidarismo não refletem necessariamente um distanciamento daqueles indivíduos com relação à política, por conta da adesão manifestada à democracia. Os resultados encontrados confirmam a multidimensionalidade da identificação partidária, com destaque aos efeitos da sofisticação cognitiva e política em detrimento de atributos da centralidade social, no nível individual, e da decantação do regime ante os aspectos de sua engenharia. Ademais, tendo em vista que o partidarismo evoluiu de maneira diferenciada nos países da região, é apresentado um modelo de classificação desses relacionamentos e verificada também a pertinência da tese da mobilização cognitiva e dos perfis de eleitores na América Latina, com ênfase em seus efeitos sobre a adesão à democracia.