A história a ser lida nesta obra não se liga necessariamente à instância nacional de um povo, embora signifique a trajetória de um objeto, o livro, dentro de um espaço nacional. Mais que qualquer coisa, talvez este livro demonstre como é possível que um capital literário — e editorial — exceda a instância nacional. As flutuações, tensões, assimetrias e conflitos entre as línguas que representaram diferentes projetos político-religioso-culturais judaicos asseveram que hebraico, iídiche, inglês e espanhol, entre outras, foram línguas, se não nacionalizadas, incorporadas ao caráter pátrio dos judeus. Não que as línguas não importassem — muito pelo contrário, todas se relacionam naquele espaço de enunciação, conforme se poderá ler neste livro —, mas elas permitiram a materialização de diferentes posicionamentos frente à produção literária judaica e às grandes questões enfrentadas por esse povo na Argentina ao longo de todo o século XX.