O mundo em desalinho é o que conduz a pena nesta obra. Entre tantas procuras, entre o saudosismo que vem da passagem do tempo, entre a vivência em um país que passou por tanta história, diversificada e ao mesmo tempo, quase sempre complicada, país do ufanismo, país da ditadura da corrupção. Mundo de rotina, de tédio, de fantasias e utopias, é este universo que é exposto no livro, como se as páginas incitadoras de mudanças e movimentação internas, refletissem agora, não somente o abismo íntimo de cada ser, mas também a situação tangível e perceptível deste Planeta, do seu funcionamento e de seus esquemas, “Talvez preveja ser árduo o caminho como é o termo de tais imprecações desvelando-lhe um Mundo em desalinho” Este mundo refletido pela poesia é o mesmo que permite a existência carregada de contradições, situações conflituosas que tumultuam o interno dos homens. Neste espaço abrangente, no qual a vida de milhares de pessoas acontece, desenrolando-se e ignorando as diferenças das particularidades de cada um, as paixões dos homens e seus desejos incessantes obstruem-se repetidamente em confrontos. Os relacionamentos de um ser com outro, guardam a única semelhança do compartilhamento daquilo que é universal, o gemido de dor frente as mazelas humanas, “O mundo é um mar turbulento onde, opostas, as vagas-paixões se colidem, incessantes, e nas estreitas horas da existência, um lamento coincide”. O livro que se reparte nos segmentos “O Mundo”, “Os Contornos de Eva”, “Cronos”, e “O Gigante”, compõe a jornada do eu-lírico, no entanto, de uma maneira geral todas estas divisões se ligam e se relacionam numa estrutura tão fluída e dinâmica, que as formas do verso assumem a narração, a prosa, o lirismo, os versos longos, os curtos. Toda esta variedade de organização textual têm o fim último de capturar a essência do trabalho poético, que multifacetado e flexível consegue, por isto captar as nuances do mundo e assim expressá-las. A poesia que escolhe o mundo como substrato para a