A conspiração poética de Brossa denota sempre um estreita e potente relação entre informação (semântica) e experiência (linguística): as entrelinhas, as entrepalavras são um fundamento e exercício político que o poeta exige de nós na organização do sensível. Ao mesmo tempo, como leitores, fazemos parte de um complô literário de releitura crítica do mundo (instâncias, valores, representações). De fato, desta poesia se desprende uma economia verbal e política que diz muito sobre o valor das coisas, e que debate seu intercâmbio simbólico. A poesia de Brossa, como exemplo de contraeconomia, vale pelo que diz e enuncia, singularmente, fora dos poderes fáticos e dos fluxos abstratos de nossa atribulada subjetividade contemporânea.