Nietzsche Asceta é uma leitura que parte dos escritos do próprio filósofo alemão para apresentar um tipo humano em que a luta é a sua marca de vida. A ascese, para esse homem, é todo um disciplinamento do corpo que o leva a criticar um outro exercício que castiga o corpo em nome de uma vida no além: ele questiona o ascetismo cristão e todo ascetismo que se parece com este. Nietzsche asceta é um "hoplita", um guerreiro, e toda a sua ascese visa a se tornar forte com a vida, sem perder o seu amor maior por ela. Mesmo frágil, o filósofo era um forte. Mesmo doente, era saudável. Porque ele amou seu destino (seu corpo), ele disse amor fati (amor ao destino): um sentimento sem reservas à vida. Era um afirmador... Ao mesmo tempo, ele amou a música, a dança, porque são movimentos, os quais são vida. Desse modo, o Nietzsche deste livro é um asceta que sabe ser duro, flexível e leve, tudo isso a um só tempo, tal como uma "bailadora" andaluza ou como um lutador da arte marcial Wu-Chu (mais conhecida como Kung-fu). Nele flui a própria vida como vontade de poder, isto é, vida que se afirma como relações de energia, de força.