O trabalho de Jacinto Silva, aqui apresentado, revela uma pesquisa minuciosa resultante da análise de inúmeros documentos de época no qual se destacam as fontes judiciais e a imprensa local. Traz como sujeitos de sua pesquisa senhores e escravos e ainda libertos, nacionais, imigrantes. Evita cair na dicotomia entre o bem e o mal, que transforma escravos em vítimas passivas da atuação de senhores. A leitura do texto é agradável, traduz a densidade da pesquisa. A violência da escravidão é refletida em suas especificidades com destaque para a resistência de escravos na região. Veja o caso de um escravo que se apresenta como padre, omitindo sua identidade. Destaca-se ainda a abordagem crítica acerca do Club dos Escravos de Bragança. Uma sociedade literária com objetivo de alfabetizar escravos. Inclusive traz em primeira-mão a análise dos estatutos desse Club. O autor acompanha a implantação de uma sociedade elitista, onde o discurso do progresso é extremamente consistente, que representa controle, domínio, exclusão dos mais pobres. Assim Jacinto Silva indica caminhos que pretendem rever presente, passado e futuro. Profª. Dra. Olga Brites PUC-SP