'Cânon e fuga' , ao primeiro olhar, se associam a ritmo e sonoridade, características primeiras dos versos do poeta. Do cânon, Gerardo Mello Mourão retira o solo inicial, a riqueza dos contracantos que vão ampliando volumes e fraseados, o eco dos sons, diálogos e êxtases. Sabe que há outros signifcados, litúrgicos e catalográficos, que redimensionam o cânon num plano religioso e memorial. Vai além - aproxima-se das raízes greco-latinas, canon e kánon, para avisar sobre a presença de Vênus e Beatriz, Baco, Ulisses e Afrodite em sua obra poética. Atingindo o ponto extremo da síntese, o poeta seleciona '&', símbolo frio e atual, como ponto de ligação, agregando modernidade à sua poesia, e passa para a fuga, polifônica, cadenciada, com frestas abertas ao diálogo, às oposições.