A crise financeira global originada no mercado subprime estadunidense, ainda em 2007, produziu um quadro inquietante em que o espectro do desemprego elevado, do colapso das finanças privadas e públicas e da instabilidade política motivou comparações com o quadro depressivo da década de 1930. Em 2009, experimentou-se, pela primeira vez desde o término da Segunda Guerra Mundial, uma contração da renda mundial. Rapidamente todas as categorias de ativos financeiros foram atingidas pela crise, tanto nos Estados Unidos quanto no resto do mundo. Investidores privados, com posições fortemente alavancadas, viram-se na contingência de ter de vender rapidamente seus ativos, no que se convencionava denominar de desalavancagem complexa. A pressão baixista alastrou-se, de forma ainda mais intensa, lembrando o quadro de debt deflation, descrito por Irving Fisher em 1933. Mas ainda, a crise trouxe à baila a lembrança de seu principal intérprete no século XX, o economista inglês John Maynard Keynes, e de seu discípulo estadunidense, Hyman Minsky. Os maciços pacotes de apoio aos setores financeiros e reais evitaram o pior e, no caso dos países emergentes, garantiram o amortecimento e/ou a rápida reversão das trajetórias recessivas. Os anos de 2010 e 2011 foram de recuperação na perifeira e de novas rodadas de instabilidade no centro, especialmente Europa, onde a crise financeira, de origem privada, metamorfoseou-se em crises soberanas. O ano de 2012 tem-se revelado como sendo de recuperação lenta e mesmo de agravamento do quadro financeiro e real para as economias desenvolvidas e de moderação no crescimento em quase todo o mundo em desenvolvimento. É nesse contexto que este livro foi escrito. A crise e o pano de fundo das transformações mais profundas da ordem econômica e política do período da globalização são enfatizados ao longo de seus capítulos.