Os registros e reflexões sobre o cinquentenário do golpe de 1964, que depôs o presidente João Goulart (1961-1964), não podem deixar de conferir máxima importância às relações entre o governo e o campo militar no período. Embora o golpe tenha sido produto da ação de múltiplas variáveis, inegavelmente a política militar praticada por Goulart deve ser considerada decisiva para a mobilização de elementos oposicionistas no campo castrense e para a deflagração da operação golpista. É em torno desta questão que se estrutura este importante trabalho de Fabiano Godinho Faria.om o intuito de explicar a natureza da crise político-militar que resultou na deposição de Goulart, o livro analisa a emergência das principias correntes militares e suas conexões com entidades civis no turbilhão político em que se transformou a sociedade brasileira na primeira metade da década de 1960. Foi preciso reavaliar as explicações correntes na área historiográfica para, a partir da crítica às suas proposições, apontar elementos que, normalmente subestimados, se demonstram fundamentais quando se quer entender por que Goulart não conseguiu ? ou não se dispôs a fazê-lo ?, se defender da operação golpista.