Com razão Habermas ao lembrar que se não há Espírito do Mundo, com seu inerente telos, a história como história do mundo é ela própria contingente; o mesmo se aplica a todas as particularidades constituídas por essa história ou que se desenrolam dentro dela. É acima de tudo o indivíduo, a pessoa, que se torna contingente, compreendendo seu mundo a partir também de como ele se apresenta. Por tais razões, ao reciclarem as velhas questões e figuras teóricas, o que é inevitável dentro da mesma época histórica do mundo, as filosofias morais do presente terão de concentrar-se na condição humana moderna, que é de contingência, a fim de moldar uma filosofia moral que se aplique a uma pessoa contingente. Mas o que significa essa compreensão do mundo da vida? Significa que a complexidade das relações sociais contemporâneas hoje está a exigir dos indivíduos novas atitudes comportamentais e cognitivas diante do seu entorno, no sentido de interagir e constituí-lo a partir do reconhecimento das diferenças e divergências que o informam, o que, inevitavelmente, vai demandar sensibilidade, tolerância e diálogos compreensivos voltados à confecção de acordos localizados no tempo e espaço devidos, o que, por sua vez, serão igualmente circunstanciais, permanentes e submetidos à tensão testificadora dos movimentos incontroláveis da política e do político.