Li estes poemas como quem passeia os olhos em uma estante de livros. O tempo todo, fui lançada na constelação de leituras de João. O livro me pareceu uma fotografia povoada de gente em que eu podia encontrar alguns rostos conhecidos: Angélica Freitas, Matilde Campilho, Audre Lorde, Ana C., Adélia Prado, Grada Kilomba, Adília Lopes, Angela Davis apenas lembrando algumas das autoras citadas nominalmente. O movimento de leitura que fiz foi vertiginoso, porque, afinal, é potencialmente infinito: ler o que o João leu, depois ler o que xs autorxs de João leram. E então, O tédio dos dias variados não se esgota. É recorrente falarmos em constelação de autorxs quando nos referimos a esse repertório de leituras reunido em um texto ou livro, mas talvez aqui a imagem mais acertada seja a de uma nebulosa. As nebulosas são nuvens formadas por poeira cósmica, resíduos de astros, mas, apesar de feitas de restos, são consideradas berços das estrelas. [...]