Em Bartleby, o escrivão, Herman Melville, autor de Moby Dick, traça uma irônica e literária análise da natureza humana. O personagem título é um jovem amanuense judicial que, cansado do trabalho burocrático, decide adotar o "não" como lema e o "nada" como estilo de vida. Publicado originalmente, de forma anônima, numa revista em 1853, Bartleby, o escrivão é mais um lançamento da coleção Sabor Literário, que vem apresentando textos inéditos ou pouco conhecidos de grandes escritores. Na apresentação, Jorge Luis Borges, um dos maiores escritores do século XX, compara as duas principais - e, na superfície, extremamente distintas - obras de Melville: "Moby Dick está escrito num dialeto romântico do inglês, um dialeto veemente, que alterna ou conjuga processos de Shakespeare e Thomas de Quincey, de Browne e de Carlyle. Bartleby usa um idioma tranqüilo e até jocoso, cuja aplicação deliberada a um tema atroz parece preconizar um Franz Kafka. Há uma afinidade secreta entre as duas ficções. Na primeira, a monomania de Ahab transtorna e finalmente aniquila todos os homens do navio. Na segunda, o niilismo cândido de Bartleby contagia seus companheiros e também o homem estólido que relata sua história e que abona as suas tarefas imaginárias. É como se Melville houvesse escrito: 'Basta que um único homem seja irracional para que outros também o sejam, e o mesmo aconteça com o universo.' A história universal está repleta de confirmações desse teor." Apesar de sucinta, a novela de Melville vem há mais de 150 anos despertando diversas análises e interpretações, sem jamais deixar de surpreender a cada nova leitura. É uma das raras obras literárias que têm a capacidade de ir além da narrativa e se tornar parte do imaginário pessoal de cada leitor. Além de Bartleby, o escrivão, de Herman Melville, a coleção Sabor Literário traz ainda obras de Henry David Thoreau, Ferreira Gullar, João do Rio, Patrícia Galvão, Virginia Woolf, Harpo Marx, Antonio Callado, Campos de Carvalho, Jim Dodge, Gertrude Stein, Fernando Pessoa, Nathaniel Hawthorne, Chamfort, Manuel Bandeira, Willem Elsschot e Konstantinos Kaváfis, entre outros textos saborosos.