Aqui, leitor, você encontra um dos maiores escritores que já passou pelo nosso mundo, aliás, nas próximas páginas há um poeta para além das amarras do tempo: Leopoldo María Panero (Madri, 16 de junho de 1948 Ilhas Canárias, 05 de março de 2014). Panero faz parte de uma tradição literária que encontra poesia no feio, no grotesco, no escândalo e que pensa o poema numa escuridão que ilumina, num inferno paradisíaco no qual surgem eletrochoques anarquistas, pederastas santos, bêbados lúcidos, vagabundos essências e o louco e o louco e o louco outra vez e uma vez mais, mostrando que no cárcere está a semente da liberdade e na falta de juízo, a sabedoria final. Opondo-se a todos os valores sociais vigentes, ele encontra numa poética da crueldade a sua própria cura. Aos 21 anos foi internado pela primeira vez num manicômio pela sua mãe devido a sintomas de esquizofrenia que se desenvolveram durante o período em que esteve preso por razão de sua militância anti-franquista. [...]