O demônio do sexo, que atormenta o pobre pastor protestante Jó nas veredas do Nordeste, tira-o da mediocridade de uma pacata vida interiorana, em que os dias se passam sem novidades ao lado da esposa Estela, e o joga num torvelinho de tentações que o perseguem, numa luxúria que o obceca e o enlouquece. O leitor acompanha o drama psicológico de Jó, entre o tormento de ceder e pecar ou continuar fingindo para os fiéis da sua igreja, nos 19 capítulos de Sol das almas, que representam estações de trem no trajeto entre Palmares e Recife, uma alegoria da viagem interior do personagem e dos sofrimentos de sua própria via crucis. Sol das almas se caracteriza, sobretudo, pela força da linguagem, pela densidade psicológica e pela caracterização do personagem. Durante a narrativa, Jó empreende uma fuga de trem em busca de sua própria salvação, quase sempre em companhia de um morcego que aparece magicamente. Uma história viva, concreta, que pede sempre a participação angustiada do leitor.